28 de novembro de 2007

Blogs, Jornalismo e colaboração

O Departamento de Jornalismo da Universidade de Nova Yorque decidiu criar um espaço de teste para novas rotinas de produção de notícias. Batizado de BeatBlogging, o projeto iniciou em 15 de novembro e reúne 13 colaboradores. Em resumo, cada um deles atua em um blog, com redes de contatos. São os integrantes dessa rede que assumem conjuntamente a responsabilidade pela produção das notícias publicadas na seção ou coluna assinada pelo profissional.

A experiência foi citada pelo blog Remix Narrativo e também foi assunto no Observatório da Imprensa, no texto reproduzido abaixo:

Projeto Beatblogging testa novo modelo de cobertura jornalística
Postado por Carlos Castilho em 20/11/2007 às 12:41:22 AM

O Departamento de Jornalismo da Universidade de Nova York (NYU) começou a testar no dia 15 de novembro um novo sistema de reportagem setorizada que pode alterar os conceitos tradicionais sobre produção de notícias jornalísticas.
O projeto chamado
BeatBlogging (literalmente: blogando setorizadamente) é uma idéia do irrequieto professor Jay Rosen, o diretor da Escola de Jornalismo que está tentando mudar as rotinas da reportagem na imprensa norte-americana a partir da idéia de que o repórter não é mais o dono da notícia.
Rosen reuniu um grupo de 13 repórteres especializados, que aqui no Brasil são chamados de setoristas, e deu a cada um deles a missão de usar um blog para criar redes de contatos, cujos integrantes serão os responsáveis pela produção das noticias publicadas na seção ou coluna assinada pelo profissional.
Na verdade trata-se de uma webificação do velho caderninho de telefones de contatos que até hoje ainda é a grande arma da maioria dos repórteres de polícia e de política. Só que em vez do caderno ser exclusivo de um único profissional, o participantes do BeatBLogging vão socializar seus contatos não só entre seus colegas e concorrentes como entre as próprias fontes de informação.
O projeto faz parte do programa
NewsAssignment lançado por Jay Rosen, em meados de 2006 e cujo objetivo é questionar as rotinas das redações convencionais ao testar formas híbridas de produção jornalística, usando parcerias entre o público e profissionais da imprensa.
O primeiro grande projeto do programa foi o
Assignment Zero, uma reportagem sobre o chamado jornalismo cidadão, produzida coletivamente por quase 100 pessoas entre profissionais e amadores. O projeto foi descrito como um “fracasso altamente satisfatório” por Rosen e pelos editores da revista Wired, que bancou parte do custo do projeto e publicou o texto final.
O mesmo principio foi aplicado no projeto
Off the Bus no qual cerca de mil pessoas estão acompanhando a campanha para as eleições presidenciais de 2008, numa cobertura que foge aos padrões tradicionais da imprensa norte-americana e que está sendo patrocinada pelo badaladíssimo e altamente lucrativo site político The Huffington Post.
As redes de televisão ESPN e MTV, os jornais SeattleTimes, Dallas News e Houston Chronicle, junto com as revistas Wired e Education Week, bem como o site Cincinnati.Com e o blog Pharmalot, entre outros, escolheram repórteres especializados em algum tipo de área e cuja atividade passou a ser orientada pelo Departamento de Jornalismo da NYU e pela incubadora de projetos online
IdeaLab.
Os 13 repórteres são profissionais experientes, quase todos neófitos em matéria de parceria com o público e que a partir de agora vão usar um blog pessoal para interagir com suas fontes de informação, que além de darem notícias, vão também participar da edição das matérias.
O que o projeto do professor Rosen pretende testar, na verdade, é a transformação dos jornalistas de guardiães da notícia em uma espécie de conselheiro ou tutor público em matéria de notícias de interesse público.
Tanto quanto o Assignment Zero, o Beatblogging é um projeto que corre um alto risco de insucesso por sua ousadia. É um terreno totalmente desconhecido e onde as resistências à mudança ainda são fortes.
Mas a NYU acha que este é o papel da universidade na era da informação. Só uma instituição deste tipo teria as condições para testar idéias tão inovadoras como o princípio de sabedoria das multidões (muitas cabeças pensando juntas podem produzir grandes soluções) e a da colaboração entre profissionais e amadores na comunicação.

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(Reges Schwaab)

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